Deus está em dívida ou com crédito?

Entendendo o sentido das parábolas

Gosto muito de parábolas.
Elas são um jeito simples utilizado por Nosso Senhor Jesus Cristo
para ensinar algo profundo. Por isso, fico sem entender quando
tentam me apresentar um Jesus complicado, mais ainda:
 quando mostram as lições d'Ele como algo complexo,
ou pior ainda: como impossíveis de serem aplicadas na vida.
As parábolas me mostram o contrário. Nelas percebo o
ensinamento de Cristo atrelado à minha vida cotidiana.
Nelas percebo que minhas necessidades materiais estão
intimamente ligadas às minhas necessidades espirituais.
Não há como separar. Não há como dividir a minha vida.
A parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-32) é um exemplo
dessas instruções do Senhor. Por meio dessa narrativa,
Jesus nos conta uma história sobre finanças, sobre
questões relacionadas ao dinheiro.
O filho mais novo pede a herança antecipadamente,
acaba com o dinheiro, passa fome e volta para
pedir emprego ao pai... E o filho mais velho se queixa
ao pai de nunca ter gasto o dinheiro da família,
de sempre ter trabalhado com ele e nunca ter recebido nada por isso...
No contexto bíblico a prestação de contas e os
cálculos são metáforas comumente utilizadas
para sugerir julgamento. Dessa forma, devedores
e dívidas, recebedores e pagadores, possuíam
também conotação religiosa. Dívida, por exemplo,
possui dois significados: débito monetário e pecado.
É Jesus nos ensinando como lidarmos com nossa
vida financeira e, ao mesmo tempo, e
principalmente, nos explicando sobre
questões do mundo espiritual.
Sobre o mundo financeiro é importante perceber
que Jesus nos dá informações muito práticas.
 Dessa parábola [filho pródigo] já podemos
vislumbrar alguns dos temas trabalhados por
Ele (herança, compra, venda, fome, trabalho...),
descritos também em outras passagens evangélicas.
Sobre esses ensinamentos do Senhor sobre
 finanças dediquei quatro anos de pesquisa, o
que gerou, inclusive, o livro Dinheiro à luz da fé.
Sobre o mundo espiritual, entre outros ensinamentos
que recebemos com a ajuda dessa parábola,
quero frisar um, que a partir dessa linguagem f
inanceira encontrada na parábola do filho pródigo,
nos mostra como Deus trata a cada um de nós.
Para isso, valho-me da reflexão de um conhecido escritor cristão:
"Disse o filho mais moço:

- Pai, peguei o dinheiro adiantado e gastei tudo.
Eu sou devedor, tu és o credor.

Respondeu-lhe o pai:

- Meu filho, eu não somo débitos.

Disse o filho mais velho:

- Trabalhei duro, não recebi meus salários, não
 recebi minhas férias e jamais me deste um cabrito
para me alegrar com meus amigos. Eu sou credor, tu és devedor.

Respondeu-lhe o pai:

- Meu filho, eu não somo créditos.
Os dois filhos eram iguais um ao outro, iguais a nós -
somavam débitos e créditos. O pai era diferente. (...)
Ele não faz contabilidade. Não soma nem virtudes nem pecados.
Assim é o amor. (...) Não faz contabilidade nem do mal nem do bem.
Com um Deus assim o universo fica mais manso. E os medos se vão"
(Rubem Alves - "O Deus que conheço").


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