Voz do Pastor


Março 2011
Caríssimos Irmãos e Irmãs
Com estas palavras, verdadeiro convite amoroso do Senhor, iniciamos o grande Tempo da Quaresma, recebendo a imposição das cinzas, na quarta-feira de cinzas. A mãe Igreja convida-nos a fazer deste Tempo Quaresmal um tempo de profundo encontro da nossa pobre e frágil realidade de pecadores com a imensa Misericórdia de Deus, Pai de infinita bondade.
A parábola do filho pródigo, em Lucas 15, que devemos ler e muito meditar, ilustra de modo comovente a relação de bondade do Pai conosco seus filhos ingratos e rebeldes: a Misericórdia que tudo perdoa, tudo esquece... encorajando-nos  a buscar com ânimo e decisão uma conversão mais profunda do nosso coração para Deus e para nosso próximo. Esta conversão brota em nosso coração, em nossa vida quando procuramos os caminhos de uma “penitência interior”,  penitência que o Catecismo da Igreja Católica assim explica: “ A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma rejeição do pecado, uma aversão ao mal, uma repugnância contra as más ações que cometemos. Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, na esperança da misericórdia divina e na ajuda de sua graça.”(CIC. nº 1431).
Muito mais do que práticas exteriores de penitência, o que o Senhor nos encoraja a buscar com decisão e firmeza, é a mudança do coração, mudança que o saudoso Papa Paulo VI na sua carta-encíclica sobre a penitência quaresmal fundamenta sobre dois pilares básicos: o amor a Deus e o amor ao próximo. É toda uma sincera revisão de nossos relacionamentos fraternos, familiares, profissionais, comunitários que precisa ser feita, à luz do amor a Deus.
São João, em sua 1ª Carta nos fala a este respeito com palavras bem fortes: “Se alguém disser – amo a Deus – mas odeia seu irmão é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar. E este é o mandamento que d’Ele recebemos: aquele que ama a Deus, ame também seu irmão!” (1ª Jo 4,20-21)
Tais são os caminhos que o Espírito Santo de Deus nos indica no início desta Quaresma, e para cujo percurso Ele nos concede as graças do perdão e da misericórdia que devemos buscar especialmente na Confissão sacramental. Não tenhamos medo de “desnudar” completamente nossa alma pecadora diante do olhar de misericórdia do Pai, para que este olhar cauterize, com o fogo do seu amor divino, as feridas de nossos pecados, de nossas fragilidades, recompondo nela o estado de graça, o florescer das virtudes, para um vida mais santa e iluminada.
Dentro deste contexto de busca de uma vida nova em Cristo, reveste-se de um significado todo especial a celebração litúrgica da Festa de São José, esposo castíssimo da Virgem Maria. O perfil do homem justo, humilde, obediente, cheio de fé e fiel à missão que Deus lhe reservou para a proteção de Maria e de seu Divino Filho, Jesus, torna-se um referencial para nossa busca de conversão. De fato, na jornada cotidiana, nossa fraqueza espiritual provem tantas vezes de uma falta de zelo pela justiça, da falta de humildade no nosso modo de ser e de agir, da nossa arrogância e rebeldia diante de Deus, da falta de fé e de fidelidade no nosso coração. São José muito nos encoraja com seu exemplo de vida e, sem sombra de dúvida, muito intercede junto ao Senhor pela nossa conversão e mudança de vida.
Percorrendo, assim, o itinerário penitencial da Quaresma, preparemo-nos para, uma vez mais, celebrarmos com vibrante alegria a Páscoa da Ressurreição, acendendo, com nosso testemunho de vida renovada, a Luz do Cristo Ressuscitado em meio às densas trevas da modernidade relativizadora, pagã, cada vez mais tão carente de Deus! Que a Santa Mãe de Deus nos acompanhe neste caminho espiritual da busca da conversão e nos ajude a responder com amor apaixonadíssimo ao amor que seu Filho Jesus tem por nós, pobres pecadores.
+ D. Fr. Alano Maria Pena OPArcebispo Metropolitano de Niterói

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